Casa Arrumada

Recebi de Mila, minha amiga de tanto tempo e tão querida, essa poesia linda com a qual me identifiquei muito. E acho que podiamos todos receber estes sábios conselhos de coração! Carlos Drummond de Andrade sabia das coisas!



FOTO: RUE MAGAZINE



           Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação

e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.

Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida…

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso,

pelo abuso das refeições fartas,

que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra

e se sente bem-vinda.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma

pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…

Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.



Essa foto é de uma revista eletrônica de decoração que eu sempre visito. Tem um layout lindo e fotos muito boas. Fica a dica: WWW.RUEMAGAZINE.COM .

E eu que não sou boba, já vivo os conselhos de Drummond:





 

FOTO DO ALMOÇO DE DOMINGO

Naõ penso em nada que seja mais feliz do que casa arrumada com a cara da gente! Façam o mesmo!









A Sala de Carol

DEPOIS



ANTES



ANTES



DEPOIS

Vamos combinar que as fotos que tirei antes do projeto estão péssimas. Os antigos proprietários estavam terminando a mudança, então o que já não estava bom, ficou pior ainda, né? Mas vamos combinar também, que apesar do revestimento horrível no piso e na parede, dos móveis embutidos e ultrapassados, esse projeto foi facinho, facinho! A cliente era ÓTIMA! Era não, É!

Fazer a sala de Carol foi tarefa fácil. Carol é parte da minha vida desde sempre, é prima irmã, pessoa querida e ótima companhia . Toda vez que a gente se encontrava para discutir o projeto, ela ficava babando enquanto eu falava, como se eu tivesse falando a maior verdade absoluta do mundo. Coisa de fã mesmo...( modéstia é comigo mesmo!)

Os móveis tem linhas muito simples, sem muito detalhes. O sofá e a mesa grandes são para caber todo mundo, e é o que eu mas gosto, pois neta de quem é, não podia ser diferente. E a iluminação, o espelho, o piso e paredes claras contribuíram para a sala parecer ainda maior.

Bem, o resultado está aí. E não foi porque eu fiz não, mas ela está bem feliz na casa dela. Feliz como eu desejava que ela fosse, e como eu  desejo que ela seja: PARA SEMPRE!



ANTES



DEPOIS

DEPOIS

ANTES

DEPOIS

BANDEJA RIQUEZA! HERANÇA DE FAMÍLIA (KKKKKK!)



Gentileza e espaço público

Todos os dias, faço o pequeno trajeto do Shopping Iguatemi até o Hiper Bompreço, na Av. ACM. caminhando. São apenas dez minutinhos de caminhada, mas é um momento de insatisfação na minha rotina. Insatisfação em perceber como a cidade trata o pedestre, em pensar como nós tratamos o que é público, e que direito nós temos de fato, vivendo aqui.

Me aborreço com a calçada, que está deteriorada, com o caminho tomado de ambulantes... Nada contra as pessoas que querem trabalhar, e sei que a coisa está difícil, mas não concordo com a completa desordem que nos obrigam aceitar como coisa "normal".  E até a faixa de pedestre foi relocada, para uma maior conveniência de quem está de carro! E são apenas dez minutinhos...

Como cidadã, sei a importância das praças, dos parques, dos jardins, ruas e das calçadas. E como arquiteta urbanista, sinto que somos uma cidade carente desses equipamentos. Fico surpresa de perceber como fica cheio aquele lugar que se convencionou chamar de praça, no terreno do antigo clube Português. Um lugar tão bonito, que podia ser tratado com muito mais gentileza e atenção,e mais uma vez, nos foi empurrado guela abaixo! É uma pena...

Mas como não só de lamentações vive o ser humano aqui, tenho tido oportunidade de desenvolver alguns projetos de espaços públicos na cidade que trabalho. E foi pesquisando para um projeto que achei essa praça., na Espanha.

O projeto é do escritório do arquiteto espanhol (já falecido) Enric Miralles e Benedetta Tagliabue, italiana. Eu já conhecia o mercado de Santa Caterina, em Barcelona e alguns projetos que vi em sites e revistas, mas essa praça tocou fundo meu coração... Tocou por que é enorme, e vai ser ainda maior. As ruas que levam a ela, serão tranformadas em calçadões, SOMENTE PARA PEDESTRES!  Amo a pavimentação, as cores e o mix de pedra e vegetação. Olhando de cima (em "planta baixa"), fiquei encantada com o traçado do projeto, com a iluminação cuidadosa e com o entorno, que tem o privilégio de conviver e usufruir de um espaço público com essa qualidade!

Atenção ao banco, que acompanha a pavimentação

LINDA, VISTA DE CIMA

AMEI O BANCO!

Quero ir lá agora! Quero essa praça aqui, na minha cidade!

Pode entrar!

Quando criança, eu pensava que ter uma casa era um projeto de vida para as pessoas. As pessoas primeiro morariam de aluguel, depois comprariam um pequeno apartamento, depois de um tempo passariam para um maior e finalmente, quando já estivessem cansadas de mudar de um lado para o outro, morariam em uma casa, onde passariam o resto de suas vidas! Não sei bem se é isso que faz projetar uma casa uma tarefa tão especial, mas o fato é que este é um projeto bem prazeroso.

Quando Sil me disse que aquele era o ano da casa e começamos nossas andanças em busca do objeto sonhado, não imaginava o tamanho do desafio que tinhamos (eu e ELA, principalmente) pela frente. Aquele ano foi só o ano de encontrar a casa. Pois é que primeiro vieram os vilages, as frustrações a burocracia e a dor de cabeça, até que ela se transformasse no que é hoje: UM LAR.

Montei este antes e depois para ilustrar a transformação que aconteceu. Foi difícil enxergar o potencial da casa debaixo de tanto lixo, entulho e abandono. Mas eis que sobrevivemos, eu, ela e a casa para contar essa estória.

VARANDA



SALA



COZINHA- FOI INTEGRADA A SALA

ESCADA- NO MESMO LUGAR, COM ACESSO PELA SALA
(ANTES ERA  PELO CÔMODO DO LADO)

UM DOS QUARTOS-AMPLIADO E BEM MAIS ILUMINADO

OS OUTROS QUARTOS

Na parte superior da casa existia um quarto enorme com varanda,um quarto apertadinho e escuro, uma circulação grande e inútil, uma sanitário, e um depósito estranho, cheio de vazamento. O quarto grande (foto logo acima) ganhou um banheiro, o pequeno (primeira foto ), incorporou a circulação e ficou amplo e engenhoso. Explico: quando a parede foi quebrada, descobrimos a estrutura, e o quarto ficou em dois níveis e dois "ambientes" diferentes (um com a rede e outro com o beliche). E o depósito virou mais um quarto com varanda (foto do meio). 



FUNDO DA CASA- CHUVEIRÃO E LAVABO



Os quadros, os móveis e as lembranças, vão tomando a antiga casa aos poucos e transformando-a em um lar. E o que não servia mais, foi deixado para trás, deixando espaço para o que vier de novo. E como o lar é de Sil, ele só posia ser da cor que é....



FACHADA PRINCIPAL

E depois do trabalho concluído, só posso desejar que esse seja um lar de gente feliz!

Um beijo para você Sil, tão querida!